O
FIM DO ANO É SEMPRE IGUAL E DIFERENTE CEM PORCENTO DAS VEZES. As pessoas se reúnem
e festejam a passagem de mais um ano de sucesso, ou não. Todos ficam felizes
com o que pode vir de bom dos próximos doze meses, ou não. A maioria faz
promessas compridas que não serão cumpridas, ou não. Todo mundo deseja um
próspero ano novo, ou sim. Quase ninguém quer desejar coisas específicas o
suficiente para demonstrar apreço e preocupação.
Por
isso, um dia, um ser humano teve uma ideia. Sua colheita de beterrabas estava
ruim ao final de um ano qualquer e um ser humano qualquer disse a ele: “Acalme-se,
o próximo ano será próspero”. O ser humano, além da horrível colheita, tinha
outro “problema”: não se importava muito com a vida dos outros mas era, o tempo
todo, pressionado pelo Mundo a manifestar-se favorável a respeito do próximo
ano de seus semelhantes, assim como aquele da colheita havia feito. O ser
humano lembrou-se exatamente disso e de sua vida e de sua colheita, beterrabas,
pessoas; a resposta estava no “próspero”. Se ele desejasse um “próspero ano
novo” às pessoas, estas, admiradas com a gentileza e com a estranheza da
palavra, ficariam felizes.
Esse
ser humano amaldiçoou as gerações futuras e hoje somos cada vez mais obrigados
a sorrir e desejar toda a sorte de coisas para toda a sorte de pessoas com quem
simplesmente não nos importamos. A trivialidade e a falta de intenção
empregadas em um desejo que é formado por simples “educação” são similares ao
silêncio. E, de acordo com a lei do mínimo esforço, o silêncio vence como
tesoura vence papel.
Na
virada de 2014 para 2015, eu decidi que não ia me preocupar muito com o que
pensam sobre mim. Primeira resolução.
Comecei com infinitos desejos para aqueles que moram no meu coração e podem
continuar o quanto quiserem – seja os moradores com casa própria, aluguel ou seja
aqueles que dormem em barracas. Inclusive, estou pronto para dizer que, se eles
quiserem, eu mesmo ajudo a construir casas que não serão derrubadas pelo sopro
do lobo mau no meu condomínio sangrento-no-bom-sentido. No sentido de estar
vivo e de querer que outras pessoas continuem vivas. No sentido de estar bem e
querer o bem.
2015,
há vagas.

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